Muito cuidado com esse “do B”, companheiro!

Foto: Jornalista João Manoel de Carvalho.

Peço vênia aos quantos me leem sobre cinema, todos os domingos, para me irmanar ao sentimento da família e dos amigos, pela perda de um parceiro do nosso jornalismo. 

Invariavelmente, ele sempre entrava na redação do jornal O Norte com uma saudação a todos, em seu costumeiro vozeirão – “Bom dia!” E, de artigo na mão, buscava a editoria geral, à época, do jornalista Evandro Nóbrega, que nessa época fazia assessoria de imprensa na UFPB, no reitorado de Humberto Nóbrega, então sucedido por Lynaldo Cavalcante. Os tempos eram meados de 1970. Época em que o Diário da Borborema também era impresso aqui em João Pessoa, nas oficinas do jornal O Norte, sob a presidência de Marcone Góes e administração de Teócrito Leal.

À frente da minha máquina de escrever, copidescando algumas páginas do Caderno 2, de O Norte, onde tinha também uma coluna (Tela & Palco), já havia me acostumado com a presença de João Manoel de Carvalho em nossa redação. Parceiro que infelizmente perdemos no final da semana passada, e que contribuiu fortemente para a imprensa paraibana. Sua linha de atuação jornalística nunca fora a minha, contudo, admirava-o pelos textos políticos que escrevia.

Ainda jovem, militando apenas nas artes, sobretudo em cinema, ainda assim, lia com curiosidade os seus artigos. Mais ainda, por conta da relação de amizade de João Manoel com o historiador José Octávio de Arruda Mello, com quem sempre me entendi muito bem, até familiarmente, e não apenas em nossos bate-papos culturais no Grupo Zé Honório Rodrigues.

Articulista austero, João Manoel de Carvalho era convicto partidário do marxismo-leninismo e do PCB (Partido Comunista Brasileiro). E lembro de uma expressão sua e que Zé Octávio sempre repetia, jocosamente, durante as nossas conversas, ao nos referirmos à política paraibana, sobre ela seu amigo João Manoel o advertira: Muito cuidado com esse “do B”, companheiro! Isso, se referindo ao então criado PCdoB.

E para fechar essas minhas memórias, sobre mais esse parceiro de jornal que se foi recentemente, lembraria de uma de suas citações buscada nas falas do revolucionário Carlos Marighella: “O guerrilheiro urbano tem que ser uma pessoa preparada para compensar o fato de que não tem suficientes armas, munições e equipe.” Máxima essa que está no documentário de Silvio Tendler Marighella – Retrato falado do guerrilheiro. E na versão mais recente sobre o militante, de Wagner Moura, Mariguella (2021), que revi esta semana. Estaria João Manoel associando esse “guerrilheiro urbano” ao exercício de um jornalismo urbano, sério? Nunca pude saber… E mais agora, com o seu lamentável traspasse.


APC reuniu seu Conselho Diretor e acadêmicos

A Academia Paraibana de Cinema realizou, esta semana, sua primeira reunião do semestre, para discutir vários assuntos que estavam pendentes. O encontro, que aconteceu no Auditório da Fundação Casa de José Américo, foi presidido pela titular da APC, Zezita Matos, com a participação do vice-presidente, João de Lima Gomes, e contou com a participação presencial dos seguintes acadêmicos: Alex Santos, Mirabeau Dias, Fernando Trevas, José Bezerra Filho, Fernando Teixeira e Renato Felix, entre outros. Os participantes do encontro, representantes dos Conselhos Diretor e Fiscal da APC, mediante ata assinada por todos, tomaram várias decisões, com base nos Estatutos da entidade, a serem oportunamente publicadas aos associados da academia.