Tomando-se como referência um dos cineastas verborreicos do cinema, contudo, importante da cinematografia mundial, Wood Allen, e assistindo-se ao “fantasioso” de Pedro Almodóvar – sobretudo a um de seus últimos filmes, Julieta, que revi esta semana pelo streaming –, nota-se a grande diferença de linguagens entre um e outro diretor.
O cineasta espanhol, normalmente constrói seus personagens em cena utilizando um discurso narrativo bem diferenciado, que seria uma espécie de “diálogo mudo”. Ou, tendo por opção o silêncio em cena, como “monólogo” elucidativo de narração. Daí, atribuir-se ao cineasta uma postura misteriosa, mas também de fama internacional.
Não apenas Almodóvar, mas alguns diretores europeus que conheço, em seus filmes busca-se um sentido narrativo deveras especial, explicativo, para o silêncio. Que, no meu entendimento, seria o respeito às origens do próprio cinema, enquanto só imagem de luz e sombras. O que não dizer de Ingmar Bergman, de Visconti, de Truffaut, para não citar sobretudo Godard, entre os mais introspectivos?
Seguindo essa escola, não foi difícil situar-me nessa opção de discurso, enquanto fórmula narrativa, que tenho buscado e usado – aguçando o gestual ou, meramente a expressão facial através do simples olhar – advinda de uma preferência do cinema europeu. Em não sendo assim, como seria inclusive o entendimento sobre “Anne Margot” e seu discurso narrativo? Essa é também uma opinião do nosso parceiro de academia Manoel Jaime Xavier.
Vendo-se por exemplo alguns de nossos trabalhos, Antomarchi (2010) e Américo–Falcão Peregrino, de 2015, ambos realizados em média-metragem, principalmente o primeiro, houve de se notar uma quase inexistência de falas e diálogos. Não que isso fosse usado em detrimento ao sentido de cada cena e personagem, mas porque a simples fala seria desnecessária, para explicar o óbvio, além das imagens e atuações então mostradas.
Em verdade, é notória a complexidade do personagem Antomarchi. Uma estória que reescrevi, a partir de dois contos de Mirabeau e sua esposa, e que narra sobre uma intrigante figura do cotidiano pessoense, que perpassa as três gerações de uma mesma família, entre os anos quarenta e sessenta do século passado, e de uma urbe que houve de se transformar, obviamente, durante todo esse tempo. Dispensar trejeitos convencionais narrativos, como os diálogos de forma teatral e cansativa, impondo-se a força necessária de uma imagem cenográfica da cidade e dos atores nessa paisagem, a rigor, foi a proposta de Antomarchi. Contudo, a fala e os diálogos no cinema, no início da arte-do-filme tão contestados, inclusive por Chaplin, de quando em vez são necessários. Isso, quando a imagem não se explica de todo, deixando-a vaga às indagações do próprio espectador. Sou pelo cinema reflexivo, sobretudo; e nem teria como justificativa aquela versada máxima de que, “Uma imagem vale mais que mil palavras…”
APC reúne diretoria para discutir novas ações
A Academia Paraibana de Cinema reuniu sua diretoria na quarta-feira passada, dia 8, informalmente, para retomar alguns assuntos relacionados à administração da entidade. Um dos temas em pauta foi a da convocação de uma Assembleia Geral, com data a ser ainda confirmada, mas que deverá acontecer entre as primeiras duas semanas de junlho próximo.
Participaram da reunião, que aconteceu no Cine Mirabeau, a presidente da APC Zezita Matos, o vice João de Lima, o acadêmico Carlos Trigueiro e os membros do Conselho, Alex Santos, Manoel Jaime e Mirabeau Dias.