
Era um professor capaz e deveras conhecedor do oficio que processava, sobretudo cordato em sala de aula. Eu o conheci nos meus primeiros anos de colegial, cursando o Clássico no Grupo Escolar João Úrsulo Ribeiro Coutinho, centro da cidade de Santa Rita. Antes mesmo de chegar ao Lyceu Paraibano, lá pelos finais dos anos cinquenta.
Distinto nos métodos de ensino, em razão de outros professores, mesmo sob as quatro paredes, sua Geografia se fazia viva, plena de curiosidades, e tamanho era o meu empenho por ela, em sala. E foi com quem pela primeira vez experimentei uma aula prática fora da escola, nos arredores da cidade. A região dos Tibirys de Cima tinha uma ambientação geográfica com vegetação farta, fauna, relevos e os melhores atrativos à aprendizagem.
Assim era o professor José Cornélio da Silva, meu inesquecível mentor de tantas estudantis aventuras. Anos mais tarde, refletidas em arremessos cinematográficos, bitolados em 16mm e Super-8. A exemplo de Arribação, O Coqueiro, Lucena Paradisíaca, e tantos outros filmes e vídeos dos quais fomos sempre parceiros. A partir de então, ele sempre foi uma das minhas fontes de inspiração ao vegetalismo natural de nossas cercanias, marca em quase todos os meus trabalhos com imagens.
Quando se comemora hoje, 29 de maio, o Dia do Geógrafo, em tempos idos, o professor José Cornélio recebia a justa homenagem de sua Associação de Geógrafos Brasileiros de Campina Grande. Honraria que fizemos questão de também estender ao notável mestre, em razão de sua ilustre participação no cinema paraibano. Na nossa Academia Paraibana de Cinema, o professor José Cornélio da Silva é Patrono da Cadeira 17, hoje então ocupada pelo fotógrafo Walter Carvalho.
Uma produção videográfica de ficção, realizada por integrantes da APC, em 2015, sobre importante poeta parahybano do início do século passado, Américo Augusto de Souza Falcão, foi rodada nas praias de Lucena, ao norte da Paraíba, inclusive, com cenas gravadas no próprio escritório residencial de José Cornélio, próximo à beira-mar. Destacamos sua ambiência de estudos e trabalhos, onde viveu com sua família o mestre Cornélio, por longos anos, tendo como seu personagem um outro acadêmico e parceiro Manoel Jaime Xavier Filho, ocupante da cadeira 16 da APC. O audiovisual Américo – Falcão Peregrino, que realizamos naquele ano, representa, por assim dizer, um tributo não apenas ao poeta de Lucena, mas também ao próprio professor Cornélio, de saudosa memória.
APC: Acadêmicos são homenageados em festival
A presidente da Academia Paraibana de Cinema, atriz Zezita Matos, foi homenageada esta semana na programação do Festival de Cinema no Meio do Mundo. Junto com ela, outro acadêmico também recebeu tributo, o ator de teatro e cinema Fernando Teixeira, que ocupa a cadeira 15 da APC, cujo patrono é Jurandy Moura, documentarista de Padre Zé Estende a Mão.
O festival tem caráter itinerante, em algumas cidades da Paraíba, tendo iniciado em João Pessoa, de terça até quinta-feira, no Espaço Cultural José Lins do Rego. No último dia foi exibido o curta-metragem O Olhar de Zezita, de Mercicleide Ramos, como também Papa Rabo, uma referência à peça que foi dirigida por Fernando Teixeira para o teatro.