Oscar: Uma locomotiva que está saindo dos trilhos…

Foto: Bravata indevida e que só ofuscou o brilho do Oscar de 2022.

E o Oscar de Melhor Ator deste ano vai para… o melhor tapa na cara!

Não é de hoje, pelo menos para os da minha geração (ou próximos dela), que se tem notado uma redução do grand débit hollywoodiano de influência cinematográfica, não só nos EUA, mas no mundo todo. Aquela sublimação da movie art, reforçada anteriormente, ainda mais pelo glamour da cerimônia e de suas estrelas no famigerado “tapete vermelho”, a rigor, já não existe com o brilho de outrora, tudo trocado por grotescos espetáculos. 

Na semana passada, pelo WhatsApp, com um parceiro de A União, André Cananéa, ponderamos sobre a real originalidade do cinema. E hoje, diante de tantas esquisitices no Oscar, até usamos o termo “puro” para adjetivar aquilo que gostaríamos que fosse realmente uma obra da Sétima Arte. Mesmo por que, nos últimos anos a festa hollywoodiana só tem servido de palco para muitas bizarrices, como “tapas e beijos” fora do script; fora do real contexto.

Não obstante tais fatos, o que mais nos interessam são os produtos que fazem a existência dessa espetacular, quase secular, vitrine cinematográfica mundial. São as obras que dão acuidade ao certame, esse que nos parece hoje muito diferente, em razão das seleções e premiações realizadas.

Um exemplo: Se verificarmos no plano da atuação (Melhor Ator), há de se observar que a escolha de Will Smith (King Richard: Criando Campeãs) – independente daquele seu tapa na cara do então apresentador Chris Rock, desavença que parece ter raízes mais profundas –, em verdade acredito não ter sido justa. Isso, em razão da notável atuação de um outro ator, até bem cotado pela mídia, Benedict Cumberbatch vivendo o protagonismo de Ataque dos Cães, obra realizada por Jane Campion, inclusive premiada com a Melhor Direção. Um filme interessante, embora de narrativa arrastada, cansativa e com mais de duas horas de duração. O que nos confirma ser algo inadequado aos dias de hoje, viciado que está o nosso espectador às sinopses dinâmicas, uma prática imposta como concisão nas historietas pelos media systems.

Com referência às demais categorias e premiações, observo que existem algumas obras que mereciam mais atenção. A exemplo Belfast, laureado com um Oscar por seu Roteiro Original. Até aí, tudo bem! Contudo, é um filme que carecia de olhares mais cuidadosos, não só sobre sua boa temática, mas pela forma como tratou (cinematograficamente) os conflitos na Irlanda do Norte. Mas parece que lhe faltou a coloração de um típico arco-íris hollywoodiano, matizes que sempre encantaram a Academia de Cinema. O que não aconteceu antes com o filme Roma, uma produção mexicana, também em preto&branco, mas que, em 2019, conseguiu levar três estatuetas, de Melhor Direção, Filme Estrangeiro e Melhor fotografia.   A propósito, lembraria agora do aforismo “Canônicos” usado pelo nosso crítico João Batista de Brito titulando um de seus artigos para o Correio das Artes, havia alguns anos. Ao resgatar os verdadeiros ícones do cinema (e não apenas do Tio Sam), na abertura do seu texto, o amigo Batista perguntava ao leitor: “Quais os melhores filmes do mundo? Depois, como sério guardião que é das “coisas de cinema”, num registro de causar inveja em muitos, mostrava dezenas e centenas deles e seus diretores, e figuras como Chaplin, De Sica, Fellini, Welles, Truffaut, Kubrik, Ford, tantos e tantos outros…


APC e FCJA recebem apoios no restauro de arquivos

O vice-presidente da Academia Paraibana de Cinema, professor João de Lima (conforme declarações da profa. Lúcia Guerra da Fundação Casa de José Américo) disse que, em breve, o acervo audiovisual sobre o ex-governador Tarcísio Burity será disponibilizado para consultas dos pesquisadores, via internet. Trata-se da primeira fase do processo de digitalização de quarenta e seis horas de imagens e sons, que estavam na reserva técnica do órgão em suporte analógico.

O procedimento é resultado de uma conexão de esforços entre FCJA, que sedia Academia Paraibana de Cinema (que faz parte do processo), o Instituto Federal da Paraíba e o Nudoc da UFPB.

1 Comment

  1. PARABÉNS amigo, excelente sua publicação! Suas publicações são valiosas. ” Tapa na cara”, bem merecida.

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