A relação da Rádio Tabajara com o Cinema, desde que me entendo por jornalista profissional, não terá sido só em razão da importância dos dois. Mais ainda, numa época em que a cinematografia era exitosa na Paraíba. Também, de um órgão de imprensa oficial que, mensurando o notório e influente segmento cultural que era o cinema de então, deu-lhe o merecido espaço.
O Cinema e o Rádio – e não só no caso da Tabajara – sempre tiveram uma sintonia perfeita, desde que a movie art passou a ser vista e traduzida pela crítica especializada local ao interesse público. O que me faz lembrar dos tempos do cineasta Linduarte Noronha, na direção da emissora oficial do Governo do Estado, e da figura do amigo Antonio Barreto Neto à frente do programa dominical “Luzes do Cinema”, na mesma emissora.
Esta semana, lendo o encarte do jornal A União sobre os 85 anos de criação da Tabajara notei uma grave omissão. Não houve citação alguma aos nomes de Linduarte Noronha e Antonio Barreto Neto (Barretinho). E, no caso do cinema, eles que foram da maior acuidade na programação da emissora, no final dos anos sessenta. Ressalvando aqui artigo publicado pelo historiador José Octávio de Arruda Mello, que expressou textualmente em suas conclusões: “Permitimo-nos focalizar a Rádio Tabajara do período 1937/56.” Portanto, uma década antes da real participação de Barretinho e Linduarte na Tabajara.
E sobre as emissoras dessa época, Zé Octávio afirma: “…alimentavam a Tabajara, Arapuan e Correio da Paraíba valores para elas exportados como os locutores Geraldo Cavalcante e Eudes Toscano, além do cineasta Alex Santos.”
Fato é que, sempre vivi cotidianamente a Sétima Arte com o meu pai, “Seu Alexandre do cinema”. Mas, cortejava ainda a Rádio Sociedade Santa Rita, do velho Tatá, onde fazia locução e tinha programa de cinema e outro de músicas clássicas. Nessa época, gostava de ouvir a Rádio Nacional do Rio de Janeiro e seu “Noturno”, com Músicas dos Grandes Mestres, além da Rádio Tamandaré de Recife, cujo chavão era: “Música, exclusivamente música, e um só anúncio por intervalo”. Também a PRI-4 e seu programa dominical “Luzes do Cinema”, se não me engano, já na voz de Paulo Rosendo
E foi aqui que conheci e exerci um jornalismo de fato, colaborando em A União, de quando em vez, escrevendo sobre filmes e sua cinematografia nos teclados de uma Remington como copidesque. Depois em O Norte, assinando a coluna “Tela & Palco”, por alguns anos. Aprendi também com o cinema no que ele tem de mais representativo: A análise crítica de seus conteúdos, suas formas e luzes enquanto real obra de arte. E já a partir do final dos anos sessenta, fiz parceria com o amigo Moacir Barbosa de Sousa, ele na discoteca e eu na locução, quando da inauguração da Rádio Correio da Paraíba, no Ponto de Cem Réis. Mas foi subindo os degraus da velha Tabajara, para receber exemplar de “A Trilogia do Herói Grotesco”, como prêmio por responder corretamente as questões da Sétima Arte, em seu programa dominical “Luzes do Cinema”, que conheci o amigo Barretinho. Relação que se estreitou ainda mais ao ingressar na Associação dos Críticos Cinematográficos da Paraíba (ACCP), à época sob sua presidência. Também com Linduarte Noronha, quando lecionávamos na mesma academia de Comunicação da UFPB. Portanto, nomes que merecem ser sempre reverenciados.
NOTA DE CONDOLÊNCIA
A Academia Paraibana de Cinema, através da sua presidência e demais integrantes da instituição, formaliza Nota de Condolência pelo falecimento, na quarta-feira passada, do produtor de artes Eliézer Leite Rolim, ocupante da Cadeira 40 da APC, que tem como patrono o libanês radicado no Brasil, João Bichara, pioneiro do Cinema Moderno na cidade de Cajazeiras.
Paraibano de Cajazeiras, Eliézer Rolim foi professor de Artes Cênicas, na UFPB, e sempre figura de destaque com a montagem de “Beiço de Estrada”, peça que lhe abriu os horizontes da criação artística. No cinema nacional, dentre outras experiências, atuou em “O Baile Perfumado” e ”São Jerônimo”, tendo realizado “Eu sou o Servo” e o longa-metragem “O Sonho de Inacim”.