Bem posta essa máxima explorada num dos filmes de Glauber Rocha mais simbólicos do cinema nacional de todos os tempos: “O Sertão vai virar mar; o Mar vai virar Sertão!”. Alguém se lembra?
Pois bem, o filme é Deus e o Diabo na Terra do Sol. Na sequência final o vaqueiro Manuel (Geraldo Del Rey), sob os acordes da famosa música, corre aflito na vastidão da caatinga, numa seca causticante, na busca de ambiente mais ameno à sua própria existência.
Hoje, a rigor, estamos vivendo essa geográfica realidade. Não no sentido literal e expresso no filme de Glauber. Mas, simbolicamente, quando nos referimos à atual produção audiovisual interiorana sobre a litorânea; ambas, não necessariamente cinematográficas.
Contudo, insisto, não existe crime algum em se viver, hoje, uma espécie de “utopia de cinema” naquilo que vimos realizando audiovideograficamente. Não é esse o ponto e nem poderia afirmar que, atualmente, o que se faz com a imagem em movimento não é válido. Apenas o conceito de cinema continua sendo empregado de forma incorreta.
Tenho insistido na compreensão de que o verdadeiro Cinema demanda, necessariamente, daquilo que nos tem faltado ao longo dos tempos: Mercado. E para se alcançar esse mercado, deve existir uma estrutura real e segmentada na Produção, Distribuição e Exibição. E isso quase não existe verdadeiramente na atividade de cinema atual, sobretudo paraibano. Falha que não é de hoje.
O que temos ignorado como base real às atividades audiovisuais de hoje – coisa que sempre defendi em sala de aula com meus alunos –, é um bom entendimento sobre essa questão e uma orientação deveras semântica do que seja Realização Cinematográfica. Expressão essa que tem viralizado, tornando ainda mais confusa a identidade do que seja realmente CINEMA.
Naturalmente, o Audiovisual de hoje é uma imersão às experiências de um aprendizado que pode, mais adiante, dar em cinema. Isso, pelo menos no Brasil, quando for possível existir uma Indústria Cinematográfica de fato, com participação da iniciativa privada, como as nas economias mais desenvolvidas. Só não basta produzir audiovisual para certames especializados. Contudo, é bom entender também que, mesmo não havendo aquele tão ambicionado e alardeado foco cinematográfico, quando das atuais realizações audiovisuais, esse sonho jamais deva ser abandonado. Experiências como as que nos chegam do interior do Estado confirmam isso. E é muito bom que aconteçam, alimentando nossas esperanças advindas desde os tempos em que iniciamos, há mais de meio século, tanto dentro como fora da Universidade Federal, com os festivais de artes da cidade de Areia, na Paraíba. Hoje, com alguns de nossos orientandos daquela época reconhecendo que, a movie art “transforma vidas e percepções de mundo”. O que é uma pura verdade.
APC faz reunião no Cine Mirabeau
A presidência da Academia Paraibana de Cinema, na pessoa de sua titular Zezita Matos e do vice, prof. João de Lima, promoveram recentemente uma reunião para celebrar o final de 2021 e o início do novo ano, tendo como pauta suas ações até então realizadas.
O encontro se deu nas instalações do Cine Mirabeau, no Bessa, e contou com a participação do acadêmico Mirabeau Dias, de um representante do HIGP e da profa. Vânia Perazzo. Oportunamente, deu-se ênfase ao papel da mulher no cinema paraibano e ao feito da UEPB, com a realização do festival Comunicurtas.