Lendo recentemente uma matéria em A União, que vem assinada por Joel Cavalcanti sobre a história do cinema Super-8 na Paraíba, digo ser bem posta mais uma argumentação sobre um dos períodos mais singulares da produção audiovisual paraibana, que ficou conhecida como “movimento superoitista”.
Busquei na Internet e consegui encontrar os textos da segunda versão, em PDF, assinados pelo prof. Bertrand Lira, quando no seu intertítulo “Revisão de literatura”, ao se referir à produção dos anos 70/80, o autor escreve:
“A literatura sobre o cinema superoitista não é um problema exclusivo da Paraíba, ela é escassa também em termos de Brasil. O que se tem publicado sobre o Super-8 resume-se a manuais de instruções técnicas para o manuseio de equipamentos. O único livro que menciona o assunto no nosso estado é Cinema e Revisionismo, do crítico Alex Santos (grifo nosso), mesmo assim em apenas três páginas, onde ele lista os filmes paraibanos realizados nesta bitola.”
Inicialmente, recebo esta referência elogiosa ao pioneirismo do meu livro publicado há quarenta anos, pelo que agradeço, fazendo aqui uma ressalva justa e merecida ao arrazoado publicado, sobre ter mencionado, naquela época em que publiquei Cinema e Revisionismo (1982), citando o Super-8 Trabalhadores do Icó como sendo de Bertrand Lira e Torquato Joel. Quando na realidade o filme chama-se Emergência, sendo este do segundo aqui mencionado. A rigor, isso se deveu ao fato de, à época, os enfoques no Departamento de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba eram voltados mais para um “superoitismo de exaltação gay” (veja-se, então, a produção em Super-8 daquele período), e que muitas das informações fora do Decom nos chegavam desencontradas, como é o caso. Mesmo que o Núcleo de Documentação Cinematográfica-Nudoc, também influente da UFPB, do qual fui oficialmente um dos fundadores em 1979, no final do reitorado de Lynaldo Cavalcanti, tivesse na produção superoitista e no 16mm uma postura diferenciada e não tão notadamente influenciada como aqueloutra.
Albergando comigo um exemplar de Cinema e memória: o Super-8 na Paraíba nos anos 1970 e 1980, de Lara Santos de Amorim e Fernando Trevas, publicação de dezembro de 2013, consigo ver melhor as diferenças que existem de interpretações sobre aquela época. Em ambos scripts, a perspectiva de novos ajustes históricos futuros. Principalmente, no que se refere a uma revisão mais abrangente sobre as obras superoitistas fora dos muros da UFPB. Um ciclo de realizações que foi igualmente importante para o cinema paraibano, inclusive de obras premiados nacionalmente, como foi um dos nossos curtas-metragens. Um exemplo foi O Coqueiro, que realizei em 1977, de forma independente, não sob os áditos da UFPB, mesmo dela já fazendo parte. Curta-metragem em Super-8, vindo a ser premiado naquele ano pela SUDENE como “Melhor filme de temática nordestina”, no Festival de Cinema Brasileiro realizado em Recife. Fato que foi relatado como um dos poucos curtas em Super-8 a ser premiado fora da Paraíba naquela época, o que vem a ser registrado no livro de Lara Santos, textualmente: “O Coqueiro, ‘Prêmio 18 Anos de Sudene’, Direção Alex Santos; Prod. Solama Filmes de 1977; Dur: 13’; Super-8; Colorido; Sonoro. Narração e apresentação: professor José Cornélio; Fotografia, Câmera e Montagem: Alex Santos; Apoio: ACCP, Cinema Educativo da Paraíba e Antonio Barreto Neto.”
APC se congratula com seu Acadêmico
A Diretoria da Academia Paraibana de Cinema se congratula com o seu acadêmico Dr. Manoel Jaime Xavier (Cadeira 16 – cujo Patrono é o exibidor Pedro Honorato, do antigo Cine São Pedro nesta Capital), pela publicação de seu mais novo livro sobre a Cidade de João Pessoa e seus monumentos.
Espaços, Vivências e Pessoas é o título do novo livro de Jaime (Edições CRM-PB e Ideia, 2021), “em que recupera a história dos antigos prédios da Faculdade de Medicina e dos mestres fundadores da importante instituição”, segundo escreveu o colunista Carlos Romero, recentemente.