No Pavilhão do Chá, mais que encontros de cinema

Foto: “Pavilhão do Chá, centro da Capital paraibana, onde as artes acontecem.”

Na Capital paraibana, com a arquitetura urbana de alguns prédios ainda preservada nas formas originais, mesclando os divinais estilos barrocos com o modernismo, são obras que, felizmente, ainda podem ser contempladas e resgatadas em simples imagens. E, de há muito, vimos cotejando essas feições estéticas, até cenográficas, em trabalhos que só nos dão prazeres visuais e históricos sobre uma pólis de mais de quatro séculos de existência.   

Obras de naipes característicos, de aparência singular, como é o caso do antigo Pavilhão do Chá e seu Coreto, na Praça Venâncio Neiva; da balaustrada das Trincheiras; do gracioso Castelinho de Jaguaribe; do Coreto e obelisco da Praça da Independência; dos chafarizes da Bica e adjacências; da exuberância arquitetônica do Lyceu Paraibano (uma das paixões visuais modernistas do amigo Manoel Jaime Xavier); dos antigos Correios da Praça Pedro Américo e do Teatro Santa Roza, dentre outros, são marcos que nos orgulham e sempre nos motivaram a documentá-los. Isso, sem contar com a riqueza visual do casario do Varadouro e seu Centro Histórico; esse, “a nossa joia rara”.

Não sem razão, lá pelos idos de algum tempo atrás, peregrinamos pela cidade, justamente buscando “feições” arquitetônicas diferenciadas para as locações de “Américo – Falcão Peregrino”. Uma experiência que se repetiu, sistematicamente, quando cogitamos da possibilidade de se completar uma trilogia sobre a cidade e sua urbanidade. Uma trilogia, digo, começando com “Antomarchi”, a partir das memórias de Mirabeau Dias, advindo em seguida o “Américo”. Ambos, histórias sobre fatos acontecidos nas primeiras décadas do século passado, e culminando agora com “Poltrona Rasgada”. Audiovisual esse que nos traz um fato bastante ruidoso e peculiar, que ocorreu nos anos 50 em um dos cinemas da Capital, repercutindo negativamente nos próprios citadinos, amplamente divulgado pelas emissoras de rádio e jornais.

Pois bem, cenografias urbanas interessantes para o cinema; igualmente importante para a Cultura de um modo geral.

Na semana passada, cooptado a um encontro no Pavilhão do Chá, sob um víeis de interesse literário, também cinematográfico, presenciei alí uma atmosfera cultural bastante simbólica, de nostálgicos saraus. Gostoso ver nos rostos dos presentes o quanto estavam felizes. Não só por presenciarem as apresentações de músicas armoriais, de declamações poéticas, mas também de algumas ginastas. Visto que, o próprio espaço propicia tamanha diferença para a cultura e as artes. Bem posta a ideia de sediar, no antigo Pavilhão do Chá, celebrações culturais como aquela. Como se não bastasse, tive o prazer de reencontrar alguns velhos amigos de “batente”, coisa que, de havia muito, não acontecia. Moral da questão: No Pavilhão do Chá, mais do que encontros de cinema, demais artes acontecem…


A trajetória da atriz Zezita Matos

Recentemente, o canal YouTube do Centro Cultural Banco do Nordeste exibiu um documentário sobre a trajetória da atriz Zezita Matos, presidente da Academia Paraibana de Cinema. O audiovisual, que traz por título “Essa história não é só minha”, tem a direção de Murilo Franco. O documentário foi apresentado um dia antes do aniversário de Zezita, que deu uma entrevista ao jornal A União e falou sobre a decepção que vem tendo com o governo federal, a partir de seu desprezo com a Cultura de um modo geral. E assegurou: “Permaneço sendo uma operária das artes. Essa é a tarefa: não posso dizer não”. O regozijo de todos da APC à nossa presidenta.