As memórias dos Luna Freire sobre o poeta Américo Falcão

Foto: “Cena de Américo – Falcão Peregrino, de Alex Santos, com Ricardo Moreira e Joelma Cavalcanti”.

Quando ainda jovem, finalizando o ginasial no Grupo Escolar João Úrsulo, em Santa Rita, mas já com um pé no Liceu Paraibano e enfronhado na Aliança Francesa, de Ramondot, que funcionava entre os bambuzais do Parque da Lagoa, eu tinha como hábito portar embaixo do braço e discutir com meu primo Reginaldo Antonio de Oliveira, as poesias de Américo Falcão, Augusto, Albino Forjaz e Omar Khayyam (Rubaiyat). Mais tarde, Reginaldo se tornaria escritor e advogado. Posteriormente, juiz da Comarca de Brejo do Cruz, depois, de Itabaiana. Sua ascensão à Magistratura influenciou-me sobremodo, fazendo com que eu seguisse seus passos, também no curso jurídico da Antiga Faculdade Direito, nos últimos anos em que funcionou na Praça João Pessoa. Onde consta, ainda hoje, a minha placa de colação de grau.  

Sempre nos foi prazeroso versejar Américo, sobretudo em seus “Soluços de Realejo”, um dos últimos rebentos do vate. Livro que ofertei, recentemente, ao amigo e também poeta Sérgio de Castro Pinto. Os versos de Américo motivaram ilustre paraibano, figura igualmente respeitada da nossa literatura, que escreveu: “Cultor da fantasia estética, procurou também a vida, através da associação humana. Um coração que chorava em versos, uma alma torturada pelo fogo das paixões, onde se aflora e abriga os peitos angustiados.” E esse paraibano, que tão bem soube captar a verve americista, foi Domingos de Azevedo Ribeiro, a quem conheci quando fazia a editoria do Segundo Caderno do jornal O Norte, naquela sexta-feira de fevereiro de 1980, em que publiquei o seu artigo com referências à Américo Falcão. A partir de então, reacendeu mais uma luzinha em mim sobre o poeta conterrâneo. Assim, passei a conhecer melhor Domingos de Azevedo, até por sermos dos quadros da Associação Paraibana de Imprensa (API).

Recentemente, enquanto escrevia algumas linhas sobre Américo Falcão, para um trabalho a ser publicado, por A União, ainda este ano, sobre figuras paraibanas ilustres, recebi de minha filha, advogada Alexandra Cavalcanti Luna, alguns textos sobre o bardo de Lucena. São escritos de havia muito tempo guardados pelo seu dileto amigo forense Jorge de Luna Freire, filho do autor e influente homem público, escritor e também advogado, João Lelis de Luna Freire. Nos referidos escritos, mais aprovação da singularidade de Américo Falcão na poesia paraibana.  

Fundador da Academia Paraibana de Letras, Américo Falcão (cadeira 38) foi contemporâneo do escritor João Lelis de Luna Freire, cadeira 21 do IHGP, que em seu livro “Maiores e Menores”, à página 88, assim escreveu: “Américo Augusto de Souza Falcão foi o poeta do marulho das ondas, das praias claras e ensolaradas, das palmeiras esguias e balouçantes que enfeitavam a orla atlântica da Paraíba. O queixume do mar, esse eterno inquieto, foi a nota destacada de sua poesia canora e leve.” Cenografias humanas e vegetalistas assim, tão bem desenhadas, que nos levaram a produzir “Américo: Falcão Peregrino” (https://youtu.be/jhrC-5yQx3M).

Também na “Coletânea de poetas paraibanos”, editada pela Minerva do Rio de Janeiro (1953), o paraibano Luiz Pinto destaca, textualmente, o que afirmou o escritor e acadêmico Humberto Nóbrega, sobre Américo Falcão: “Era um artista nato. Sua arte não emergia das lágrimas de outros poetas, mas promanava daquela romântica Lucena, cheia de sussurros e gemidos do velho mar, agitada pelo ‘leque de coqueiros’ eternamente beijada pelos lampejos do mar.” Assim (in ipsis lyrics), rebobinando nosso poeta… – Tempo devastador, pérfido, ousado, / Como tudo transformas, de repente! / Enleias nossas almas no presente, / Como para esquecermos o passado… (O TEMPO de Américo Falcão)


APC reúne sua diretoria

A presidente da Academia Paraibana de Cinema, atriz Zezita Matos, reuniu esta semana sua diretoria, para tratar de assuntos relacionados a atual gestão, visando traçar novos planos e ações da entidade para o ano de 2022.

A reunião, que desta vez aconteceu de maneira especial no bairro do Bessa, no Cine Mirabeau, contou com a participação de alguns integrantes da APC. De forma presencial e remota, da reunião participaram, além de Zezita, os professores João de Lima, Alex Santos, Mirabeau Dias, Fernando Trevas e Carlos Beltrão.