Duas razões, diria oportunas, para que rebobine alguns registros que fiz, havia algum tempo, sobre a importância da mulher nas artes. Embora, mais do que antes, talvez, esse tema se encaixe melhor aos dias atuais, diante das inúmeras manifestações que temos visto, sobretudo, através do audiovisual.
Em “Arquétipo da mulher no cinema”, capítulo do meu livro “Cinema & Revisionismo”, que publiquei por A União em 1982, por ocasião da visita da cineasta Tizuka Yamasaki e do paraibano José Joffily Filho, ambos visando as locações para as filmagens de “Parahyba Mulher Macho” (relato sobre a vida de Anayde Beiriz, João Dantas e o assassinato do presidente João Pessoa), à época, reforçando o capítulo acima referido, escrevi:
– (…) da Pró-Reitoria Para Assuntos Comunitário (PRAC), da UFPB, de orientação do Reitor Berilo Ramos Borba, com a finalidade de dá vistas e proceder a um parecer, foi-nos dado o “Relatório Proposta” das partes interessadas na realização do filme, na Paraíba (…) Sobre o que nos foi apresentado, inicialmente, apenas fiz restrição ao título.
Pois bem, transcrevi em meu livro, ipsis litteris, o texto assinado por Tizuka e Joffily, cujo título era “Parahyba Mulher Macho – Uma pesquisa para cinema”, inclusive, averbando sobre sua importância do resgate histórico de um dos fatos políticos mais simbólicos acorridos em nosso Estado. Quanto ao título, que veio a ser dado ao filme, posteriormente, deveras entendi como uma forma de se querer subestimar o gênero feminino.
Daqueles tempos pra cá, principalmente em cinema, muita coisa mudou. Vemos hoje um considerável número de trabalhos produzidos e dirigidos por mulheres (maioria simples audiovisuais que, propriamente, filmes), que tem se destacado em festivais, trazendo muito mais o selo da mera digitalização. Recurso esse não menos valoroso, quanto ao fílmico, cinematograficamente.
Oportunamente, é o caso de um curta-metragem que está sendo gravado nesta Capital, conforme noticiou a imprensa, tentando rever “…o pensamento político e o liberalismo sexual na década de 1920”. Audiovisual de Saskia Lemos, que tem motivação na figura de Anayde Beiriz. Já Marcélia Cartaxo, atriz premiada (Cadeira 33 da APC), está finalizando as gravações de mais um curta, “Casa do Louvor”, com locações fora do Estado. Mas, com a marca da Paraíba. Além de Bárbara Paz, viúva do cineasta Hector Babenco, após ter realizado trabalho sobre seu ex-marido, desfila agora com um novo curta: “Ato”. Inclusive, selecionado ao próximo festival de Veneza. Como se nota, o feminismo no cinema é pura realidade nos dias de hoje.Em razão do tema, “a influência da mulher no cinema”, e aproveitando ainda esse rico e intrigante universo feminista (no bom sentido), recomendo assistirem ao recente lançamento da Netflix – “Antonia: Uma sinfonia”. Se passa também nos anos 1920, com todos as restrições à figura feminina, em querer exercer atividades “só masculinas”. A personagem é uma espécie de Anayde norte-americana; não na poesia, mas na música, como maestrina…
APC: Zezita Matos é premiada no Off Cine
A atriz Zezita Matos, presidente da Academia Paraibana de Cinema, foi a grande vencedora do Festival de Cinema de Varginha, Minas Gerais, na categoria de Melhor Atriz no média-metragem “Não me esqueças, me ame para sempre”, de Guilherme Andrade, que ganhou também o prêmio como roteirista e diretor, e premiando ainda como Atriz Coadjuvante, Tuna Dwek.
Coordenado por Marina Azze, o audiovisual ganhou oito prêmios, no OffCine20, que foi recentemente realizado online. O festival e as premiações se deram através da Internet. Os parabéns da APC à produção e aos atores.