“Butterfly Dream”: Por uma metáfora poética no cinema

Foto: “Os atores Mert Fırat, Kıvanç Tatlıtuğ e a atriz Belçim Bilgin fazem o trio romântico de Butterfly Dream”.

Que cognação poderíamos encontrar entre um perfume e o cinema? Ou, mais especificamente, que afinidade poderia ter um determinado filme com uma simples colônia feminina de nome Butterfly Dream? Estranha parece ser esta conjectura, não? Mas, não é…

Razão porque tais hipóteses me fazem lembre de um intrigante filme francês, Parfum (“Perfume: A história de um Assassino”), do diretor alemão Tom Tykwer, que se passa numa Paris dos meados do século 18. É a história de Jean-Baptiste Grenouille (Ben Whishaw), que nasce numa comunidade de pescadores pobres, passando anos depois a adquirir um dom espantoso de reconhecer aromas à longa distância. Ele é aprendiz de um perfumista local, interpretado pelo ator Dustin Hoffman. Na verdade, trata-se de um “thriller” com Jean-Baptiste transformado em serial killer, para extrair de suas vítimas o aroma feminino diferenciado de que precisa, para composição de perfumes franceses. É, na realidade, uma obra curiosa e intrigante. Um bom filme que recomendaria aos cinemistas de plantão.

Se questionarmos este assunto, não como um enredo temático sobre o perfume, em si, rotulando uma narrativa cinematográfica, mas como uma metáfora poética, Butterfly Dream (“Sonho de Borboleta”), que assisti esta semana no streaming com a minha Lili, trata-se de uma realização atraente. Uma história curiosa, sensível, que se passa num lugarejo pitoresco dos arredores da Turquia, com belas imagens e climas bem vegetalistas, no início dos anos 40. Inclusive, sob influências não muito distantes dos horrores da Segunda Grande Guerra e de algumas doenças muito comuns à época.

Trata-se de uma produção turca de 2013, dirigida por Yilmaz Erdogan e que representou o país no Oscar, um ano depois. O tema é baseado em fatos reais e foi escritor pelo próprio Erdogan, sobre dois rapazes Rüştü e Muzaffer (interpretados por Mert Fırat e Kıvanç Tatlıtuğ), que trabalham numa mina de carvão de um abastado senhor da região, cuja filha Suzan (Belçim Bilgin) é a grande paixão de ambos. Os jovens são também motivados pelos poemas que escrevem e tentam publicar, e serem reconhecidos verdadeiros poetas.

Mesmo sendo um drama sobre sonhadores apaixonados, esse não chega a ter um padrão “shakespeareano”, sobre famílias nobres – Montéquio versus Capuleto. Mas, sobre classes sociais bem diferentes. Eles, de famílias pobres e ela (Suzan) a mais admirada e rica do lugar, fazendo com que seu pai tenha sobre a filha, até de forma violenta, alguns parâmetros de convivência social. Também, por estar um dos rapazes acometido de grave doença respiratória. De narrativa algumas vezes densa, mesmo assim, para quem curte as “veias poéticas”, é um filme que foge de muitos clássicos happy endings. E deve ser visto sob uma ótica diferenciada: “Um hino e uma homenagem a todos aqueles que lutaram para serem poetas numa época em que a educação era apenas para ricos…” Adentremos, pois, nesse “sonho de borboleta”.


Vídeo documentará a arte de Zezita Matos

A presidente da Academia Paraibana de Cinema será documentada no curta audiovisual, “Essa história não é só minha – Um fragmento sobre Zezita Matos”. Segundo dados da produção, a atriz comenta em entrevista sobre alguns de seus trabalhos no teatro, cinema e televisão, compartilhando sua trajetória de vida nesses 63 anos de atuação, a partir de arquivos pessoais.

O audiovisual é produzido pela própria Zezita e Sérgio Silveira, direção de Murilo Franco, que faz ainda a direção de arte. Outros membros da equipe: Tarciana Gomes e Édson Albuquerque, na montagem e na fotografia, além do Still da Fita Verde Produções.