Como iniciativa a homenagear um dos escritores paraibanos de singular acuidade nacional e internacional, bem posta foi a publicação da revista “José Lins do Rego – 120 Anos”, firmando-se mais um passo respeitoso à obra do homem público da cultura e das letras.
Na semana passada, em capítulo anterior a este, fiz um relato da minha relação com a obra de Zé Lins, revendo instantes da minha então infância na cidade de Santa Rita. E não terá sido difícil reviver aqueles momentos lúdicos, de como já na adolescência eu sorvia sem desembaraços as letrinhas formais que davam universo e vida aos contos zelinianos. Uma rara magia que ainda hoje sinto, ao manusear alguns alfarrábios daquela época e que ainda guardo comigo. São escritos, livros, arquivos de imagens e som que me levam àquele indelével mundo de fantasia juvenil. Mais ainda, com relação ao cinema.
No entanto, gostaria hoje de me referir ao presente, em especial à revista que homenageia Zé Lins, cujo conteúdo inicial de primeiras páginas nos leva a um exercício eminentemente jornalístico, então formalizado pelo parceiro Alexandre Macedo. Seus textos são passagens pelas sendas “zelinianas”, por caminhos antes trafegados, que também trilhei em tempos idos.
Em seu capítulo “Nas trilhas dos engenhos”, por exemplo, o saudosismo se mostra forte, ao nos dizer: “Revisitar esses lugares nos remete a reflexões acerca da formação da identidade cultural dessa sociedade desenvolvida à margem do Rio Paraíba”. Não sem motivo, essa afirmação serviria como um parâmetro, às razões evolutivas atuais de um coletivo rural que já não é mais o mesmo. Os tempos mudaram, as pessoas vivem hoje das memórias e das tecnologias modernas, não das locomotivas que “fuligeavam” as pradarias e canaviais da região, como bem descreve a sua pesquisa: “É perceptível o saudosismo dos mais velhos quando se fala desse importante transporte (…) nos anos 20, 30 e 40 do século passado.”
Mas o relato de Alexandre não se atém apenas às “Trilhas dos engenhos”, não. Seguindo-o, pelo que denomina de “Baixo Paraíba”, embarcamos numa espécie de “locomotiva” do tempo, aqui, acolá, parando nas velhas estações para sabermos dos campesinos um algo mais sobre o singular filho da região. Trajeto mais que turístico ao mundo de Zé Lins, onde encontramos resquícios como os de Corredor, Oiteiro, além de “Outros Engenhos – Recordações nas veredas”. Isso e muito mais, fazem parte dessa oportuna publicação, durante as celebrações dedicadas ao escritor de Pilar, que traz também assinaturas de valorosos nomes do colunismo paraibano, sob organização dos dirigentes Naná Garcez e William Costa da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC). Não sem razão, gostaria de fechar minhas observações para a oportuna efeméride sobre Zé Lins, colocando o cinema também em “primeiro plano”. Portanto, passo a palavra final à amiga acadêmica Zezita Matos. – “A alegria foi tamanha em voltar àquela região que eu tanto conhecia, onde passei minha infância, como também de participar de meu primeiro filme.” (Menino de Engenho)
APC vai à Cidade de Santa Luzia, na Paraíba
A Academia Paraibana de Cinema, representada por sua presidente, a atriz Zezita Matos, participou da live do Cineclube Sílvio Tendler da cidade de Santa Luzia, na sexta-feira passada à noite, para debater sobre “Cinema Feminino na Paraíba”.
Do encontro participaram a videomaker Patrícia de Aquino – diretora dos curtas-metragens “Rasga Mortalha” e “Joana”, debatidos na ocasião –, além de João de Lima, Clara Lira e Carmélio Reynaldo. Zezita disse ainda que, também ontem, foi aberta pela APC uma live para discutir as questões relacionadas à própria Academia de Cinema.