O Cinema como ferramenta na educação não é novidade

Foto: “Governador Pedro Gondim assinando a nomeação de João Córdula (em pé de terno escuro) para dirigir do CEPB.”

Reconhecida é a validade de qualquer iniciativa visando a melhoria da educação de crianças e adolescentes. Sobretudo, com ferramenta que motive um maior interesse dos alunos. Digo isso com base na experiência que assisti de perto, observando o esforço de João Córdula, que sempre foi uma espécie de guardião do Cinema Educativo da Paraíba. Órgão do Governo do Estado, criado pelo governador José Américo de Almeida, em dezembro de 1955, mas só funcionando a partir do início dos anos 60, no governo de Pedro Gondim.

A Paraíba sempre teve uma tradição rica de cinema. Seja no incentivo à sua cultura, através dos cineclubes (veja-se José Rafael de Menezes), pelo uso de espaços na imprensa escrita e falada, como na própria produção fílmica. E o Cinema Educativo foi fundamental para tudo isso, inclusive com sua função na socialização educativa junto às escolas estaduais, sobretudo na Capital e na Grande João Pessoa.

Todos esses fatos estão em nosso livro “Cinema & Revisionismo”, obra publicada em maio de 1982 pela Editora A União, dentro das celebrações dos 25 anos do Cinema Educativo da Paraíba. Efeméride que causaria, ainda, a realização de um outro evento, o curta-metragem “Cinema Inacabado”, que dirigi, em bitola 16mm e cores, para homenagear o fotógrafo e cineasta João Córdula, diretor vitalício do CEPB. Córdula que, inclusive, é patrono cadeira 14 da Academia Paraibana de Cinema, hoje ocupada pelo prof. João de Lima.

Sempre me foi preocupação, ainda mais agora, o sério resgate histórico do cinema paraibano, na sua essência. Sua rica trajetória ancestral, por vezes é esquecida pelos voyeurs “internéticos”, também pelos atuais videomakers. E isso, sem demérito algum àqueles que, saídos dos bancos acadêmicos (ou não) ainda buscam saber, em profundidade, sobre as tradições e as raízes do cinema paraibano. Embora alguns continuem ignorando (ou desdenhando) da nossa movie art.

A reflexão acima tem a finalidade de registrar nossa simpatia ao projeto da Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente (Fundac). Mérito também para a sua direção, quando reconhece: “…o Cine Transformar não faz nada de novo ou inédito no que tange à exibição de filmes para público sem acesso, os socioeducandos”. E isso nos leva a crer – mesmo que reticente, por parte dos organizadores do projeto – da importância do Cinema Educativo da Paraíba, no passado. E gostaria de finalizar este artigo com uma declaração do nosso saudoso amigo Barretinho (Antonio Barreto Neto), na Apresentação do meu saltério, quando afiança: “Há mais de oito anos militando na crítica e na realização cinematográfica, e adotando em ambos os fronts, a mesma postura (digamos) política, Alex Santos tem a autoridade que lhe confere essa experiência para falar com desembaraço, quando escreveu ‘Cinema & Revisionismo’ (…) e pela contribuição de João Córdula no Cinema Educativo.”


APC se reúne visando a nova diretoria

A Academia Paraibana de Cinema reuniu, na quarta-feira passada, alguns de seus integrantes para traçar a programação da eleição da nova diretoria da entidade. A presidente da entidade, atriz Zezita Matos, e o vice, prof. João de Lima foram assessorados juridicamente, pelo também prof. e cineasta Alex Santos, membro da entidade, na revisão de alguns pontos do Estatuto e do Regimento Interno da APC.

Com um certo atraso, em razão do atual momento de pandemia, as eleições da Academia devem acontecer ainda este mês. A forma está sendo discutida, mas já são aventadas duas possibilidades: virtual e por postagem nos correios.