De janela em janela, o cinema revê a arte de como espionar

Foto: “A mulher na janela, com Amy Adams, lançamento da Netflix”

Como entender se hoje continuamos vulneráveis, nesses tempos de virtual globalização eletrônica, e algumas vezes nos tornamos até presas fáceis das “naturezas sebosas” que povoam as redes sociais? Seres que normalmente ficam incólumes, por sinecuras de alguns poderes, pra continuarem existindo.

Esta semana, duas razões me levaram a refletir e a comentar sobre essa realidade da vulnerabilidade humana, diante dos avanços tecnológicos que dispomos. A primeira diz respeito ao voyeurism nas redes sociais, quando se buscam as privacidades alheias. O segundo pretexto diz respeito ao próprio cinema, tomando como parâmetro de discussão “A mulher na janela” (The Woman in The Window), filme de suspense que assisti recentemente, dirigido por Joe Wright, baseado no homônimo livro de A. J. Finn, cuja personagem é mais trágica que no cinema.

Lançado pela Netflix no início deste ano, o filme narra a história de Anna Fox (Amy Adams) que mora sozinha, separada do marido e de uma filha menor, numa ampla casa em Nova York. Ela é vítima de uma fobia grave, passando os dias bebendo vinho e assistindo a filmes antigos na televisão, e conversando com estranhos pela Internet. Instigada por algumas películas, inclusive pelas cenas de “Janela Indiscreta”, de Alfred Hitchcock, passa a espreitar de sua janela uma família que acabara de chegar para morar logo em frente à sua residência, no outro lado da rua. 

E aqui gostaria de criar um link temático, oportunizando o arrazoado acima proposto, sobre os dois motivos que me levam a tais reflexões. Um que diz respeito ao interessante trabalho de minha nora Secyliana Braz, de sua conclusão de curso em Comunicação, a mim carinhosamente entregue havia algum tempo. A mesma jornalista Secy Braz que, por algum tempo, esteve à frente das câmeras de uma TV local. O outro motivo diz respeito diretamente ao cinema e aos dois filmes acima citados. 

Antes, porém, gostaria de transcrever, com a devida vênia da querida nora, um dos fundamentos que oportunamente usou na realização do seu trabalho de tese na universidade: “… busca compreender as motivações que levam as pessoas, que usam o Instagram, a acompanharem a vida de outras pessoas, principalmente as que são ‘famosas’ na rede. Bem como, os fatores que estão por trás da necessidade desses indivíduos, mesmo não sendo conhecidos, exporem suas imagens, seus cotidianos e vidas na rede social online.” Conclui ela, para justificar a relação de seu texto com cinema: “Para isso, comparamos o voyeurismo abordado no filme ‘Janela Indiscreta’ com as janelas indiscretas das interfaces que possibilitam compartilhamento de imagens do Instagram, a exemplo dos stories.” As razões acima nos levam às questões pessoais, atualmente envolvendo uma grande parte da sociedade no mundo. Muitos dos temas são dispersões midiáticas, a exemplo do fetiche ascensivo, além de tantos outros de estilo homofóbico. São condutas espúrias de alguém, cuja satisfação existe em violar a privacidade alheia, por vezes, tornando-se cumplice de seus problemas. A rigor, essa é uma das discussões de “A mulher na janela”. Não terá sido um filme simpático à crítica, que tem como referência direta a obra hitchcockiana, mas carece ser visto.


APC debate o documentário “Dom Fragoso”

Representando a Academia Paraibana de Cinema, a atriz Zezita Matos e o prof. João de Lima participaram, final da semana passada, de um debate promovido pelo Cineclube Sílvio Tendler, quando foi exibido “Dom Fragoso” (2011), documentário de Francis Vale sobre uma das maiores lideranças religiosas da Igreja Católica, no Nordeste.

O documentário de mais de uma hora foi apresentado, posteriormente foi discutido com a mediação do professor aposentado da UFPB, Carmélio Reinaldo. Estiveram presentes também na live, Clara Lira e Leny Rose, que participou da produção de “Dom Fragoso”.