“De olho na tela”: Uma voz rebobinando nosso cinema

Foto: “Ator mirim Salvatore Cascio faz o personagem Toto, em Cinema Paradiso”.

O Cinema sempre foi e será a arte do devaneio. A arte que transcende ao seu próprio objetivo prático – divertissement. “Cinema é Luz!”, como afirmara o grande cineasta italiano Federico Fellini. E é essa “luz” que nos sublima; até diverte, transformando vidas em sonhos…  

Para quem sempre teve uma vida ligada ao cinema, buscando nele a sua real e cotidiana subsistência, inclusive no âmbito familiar, fazendo vibrar em suas próprias mãos a consolidação de um “sonho em celuloide”, para encanto de seus olhos e mente –, não menos, para a fantasia de tantos aficionados de suas salas de projeção –, se alguém lhe fizesse uma indagação como esta:  

– O que é o cinema para você; qual o filme que mais te marcou na vida?

Logicamente, a resposta jamais seria difícil de responder, como terá sido no meu caso. Foi o que ocorreu recentemente, quando fui demandado pelo amigo musicista Adeildo Vieira, na cumplicidade de Cíntia Peromnia, numa quinta-feira dessas, no programa “De Olho na Tela” da Rádio Tabajara. Em breve espaço de tempo, pude dizer sobre o que sempre fui e continuo sendo: um singelo observador de uma arte maior, que sempre construiu motivos ao encantamento, fazendo corações, olhos e mentes se sensibilizarem.

Muitas são as obras que tratam do próprio cinema na essência, adotando uma gramática auto-narrativa. Diria, usando do método da metalinguagem, forma de abordagem estrutural intrínseca à arte-do-filme. E rebobino aqui alguns clássicos desse cinema, que sempre “falaram” de si mesmos: ”Oito e Meio” de Federico Fellini; “A Rosa Púrpura do Cairo” de Woody Allen; “A Última Sessão de Cinema” de Peter Bogdanovich; o belo “A Invenção de Hugo Cabret” de Martin Scorsese; o brasileiro “O Último Cine Drive-in” de Iberê Carvalho, com Othon Bastos; além de “Cinema Paradiso” do italiano Giuseppe Tornatore, entre muitos outros que buscam traduzir a magia da Sétima Arte.

Mas um dado singular na obra de Tornatore, sem sombra de dúvida, é a bela trilha sonora de Ennio Morricone. Grande maestro e compositor falecido em julho do ano passado, aos 91 anos de idade. E sempre que ouço a música do filme me transporto, rebobinando minhas jovens sagas de telas e écrans. Aliás, “Cinema Paradiso” é o filme que mais me sensibiliza. Diria até ser o meu preferido porque resume em narrativa toda a história do garoto Toto (Salvatore Cascio), que vive o “paraíso” e encantamento das sessões do velho amigo e projecionista Alfredo (Philippe Noiret). Similaridade de uma magia que vivi, também, quando adolescente nos cinemas de meu pai, Severino Alexandre, pioneiro do nosso cinema paraibano, de minha saudosa memória, Patrono da Cadeira 5 da Academia Paraibana de Cinema, a qual tenho a honra de ocupar.


APC indica audiovisuais paraibanos

A Academia Paraibana de Cinema, com a finalidade de divulgar a obra audiovideográfica paraibana, depois de um acordo estabelecido com os seus realizadores – Alex Santos, Mirabeau Dias e Manoel Jaime Xavier –, está indicando, através do YouTube, alguns trabalhos realizados até agora pelos acadêmicos integrantes desta entidade.

São mais de 10 indicações audiovisuais, entre elas, os longas, médias e curtas-metragens, a exemplo de “Antomarchi”, “Américo-Falcão Peregrino”, “Poltrona Rasgada”, “A Idade do Cinema”, “A Ninhada”, e tantos outros. Para assisti-los, basta apenas que o interessado possa acessar o seguinte link: https://www.youtube.com/channel/UC3YaKQKNeOWr6JC_TRCJGvQ