“Mank”: nova aposta Netflix à premiação do Oscar 2021

Foto: “Ator Gary Oldman no papel do roteirista Mank.”

Admitindo-se nova onda para o cinema norte-americano da atualidade, quando amplia sua bancada de escrutinadores na seleção dos filmes inscritos para premiação do Oscar 2021, sob pretexto de dar uma “maior diversidade” nas escolhas, inclusive, indicando cineastas brasileiros, não seria prudente esquecer da força que sempre teve essa indústria de cinema de Hollywood. Entusiasmo esse que tem reverberado mundo afora, já a partir da primeira década do século passado, desde o primeiro “rodar da manivela”.

Mesmo hoje, dominadas pela Netflix e as concorrentes Amazon, Google Play, HBO, Sony e tantas outras, tradicionais marcas como a Metro, Warner, Paramount, Universal, sobretudo, sempre estiveram e ainda permanecem do imaginário coletivo de quem realizou e de quem assiste aos filmes por elas produzidos. Ânimo bastante de uma indústria que sempre soube influenciar e eleger suas obras, até fora dos territórios do Tio Sam.

Sabido também é que, os bastidores desse cinema traduzem uma das maiores forças econômicas e políticas que já se viu em toda a história dos Estados Unidos. Grandes magnatas a lideraram (e ainda o fazem, sob novas e cibernéticas marcas), o que fica provado em “Mank”, filme da Netflix que foi disponibilizado no streaming, que trata do glamour e das estranhezas desse universo mítico que é Hollywood.

Ao contrário do que ocorreu no recente Globo de Ouro, quando mesmo citado em oito categorias “Mank” foi “esnobado”, segundo noticiou a crítica especializada, esta semana o filme conquistou importantes indicações ao Oscar, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, como era de se esperar de um filme que tem a cara e trejeitos hollywoodianos. Assim como foi uma outra produção sobre a mesma temática, “Filmando Casablanca”, que comentei aqui havia algum tempo.

Com dez indicações ao Oscar 2021 – de Melhor Drama, Melhor Direção (David Fincher), Melhor ator Gary Oldman, vivendo um roteirista de fama, Herman Mankiewicz, mas comprometido com política, bebidas e jogos –, “Mank” é indicado ainda nas categorias de Melhor atriz coadjuvante, Trilha Sonora, Roteiro, Fotografia, Direção de Arte, Maquiagem e Efeitos Especiais.

O filme é o retrato de uma Hollywood vivendo os instantes da Recessão Americana dos anos 1930, com a indústria de cinema passando por mutações inclusive ideológicas, e não apenas financeira. O roteirista Mank tem posições políticas contrárias à empresa em que trabalha, sendo levado ao ostracismo por um dos magnatas da mídia. No início dos anos quarenta, sua relação com a Produtora RKO, por indicação do diretor Orson Welles, consegue retomar sua performance no cinema, escrevendo com o próprio Welles o roteiro do célebre filme “Cidadão Kane” (1941)   Como narrativa e técnica, “Mank” ratifica a mesma linguagem dos filmes tradiconais, com sequências sendo abertas e fechadas utilizando o fade-in e o fade-out. Além de ter sido filmado em preto&branco, o que, realmente, faz sua narrativa mais expressiva e cinematográfica.


APC: “Américo” agora no YouTube

A Academia Paraibana de Cinema registra o interesse que vem tendo no YouTube, em número de acessos, a produção paraibana por ela premiada em 2015, “Américo Falcão Peregrino”, lançada um ano após sua premiação pelo Cineclube da Fundação Casa de José Américo, com ótima repercussão crítica, e somente agora disponibilizada no streaming por sua produtora ASProd.

De autoria de dois integrantes da APC, os professores e cineastas Alex Santos e Manoel Jaime Xavier, com trilha sonora de Adeildo Vieira e atuação de Ricardo Moreira fazendo o papel-título, a obra audiovisual relembra toda trajetória do vate paraibano de Lucena, Américo Augusto de Sousa Falcão, (imortal da APL), e sua influência cultural nos anos 30, na então Parahyba.