Existem leituras que nos causam emoções diferenciadas e dão prazeres indescritíveis. Por mais simples que seja o texto, a narrativa. Mas, há algumas que superam a tudo isso, principalmente quando a cotejamos com coisas que vivenciamos e que já fazem parte do nosso métier de ofício. No caso, o cinema.
Refiro-me ao novo saltério do parceiro de A União, jornalista e escritor José Nunes. Seu “Tapuio – do nascer ao entardecer”, se bem avalio, trouxe-me duas visões não meramente românticas, mas de biografias cogentes. Uma que ainda trago a partir de memórias próprias de infância, oriundas de minha ancestralidade paterna nos contrafortes da Borborema, que se estenderam à adolescência na cidade de Santa Rita; a outra, que tenho como acessórios profissionais – o cinema e o jornalismo.
Alguém que conheço escreveu: “Os livros são meus roçados”. Ao que, de pronto, afirmo: no cinema, o meu universo de luz, sombras e encantamento; no jornalismo, o anteparo de minhas aspirações comunicantes.
Particularmente no caso do cinema, vejo na narrativa de Nunes aquela relação poucas vezes encontrada em outros textos autobiográficos, que me foram apresentados e tenho lido. Quando ele dispensa eloquências, exageros na construção das palavras, albergando sentimentos que nos parecem puros e verdadeiramente reais às memórias de sua infância.
Outro víeis que me remete “Tapuio” ao cinema é quando assimilo na sua forma ficcional – quero dizer, vendo em seu texto, como tal, uma referência clara e objetiva, mesmo que involuntariamente – uma similaridade com a construção cinematográfica/videográfica, como se o texto buscasse o ritmo de espaço-tempo muito semelhante à montagem em cinema. Neste sentido, a colagem de fotogramas que dá mobilidade à imagem cinematográfica (no caso da videografia, edição de frames). Na narrativa de “Tapuio”, a junção de frases e de parágrafos curtos do texto nos dá a sensação de uma imagem em movimento, típica do cinema.
As imagens simbolicamente descritas no início do livro pelo autor, que advém de suas memórias infantis e do sítio de seu habitat, é como se tivessem nos preparando a um presságio nada lúdico. E isso vamos encontrar numas das fases do livro – “Quando as raízes murcham”.
Contudo, além de uma visão cinematográfica que enxergo em “Tapuio”, há outra cognição (quiçá não lembrada pelo autor) entre mim e o próprio Nunes: a nossa participação redacional no jornal O Norte, na década de 70. Nessa época, de 1973 a 1981 fiz parte da redação do jornal, como copydesk, ainda na fase do teletipo, depois passando a coeditor do Segundo Caderno, também com a coluna diária Tela & Palco, sob a editoria de Evandro Nóbrega, tendo na administração do jornal Teócrito Leal, nos tempos de Marconi Góes. Por tudo isso, amigo Nunes, é bom tê-lo como parceiro de “batente” em A União.
APC: Zezita no Paraíba em Revista
A presidente da Academia Paraibana de Cinema, atriz Zezita Matos, foi entrevistada recentemente em um programa da Rádio Tabajara, pelos apresentadores Adeildo Vieira e Cintia Perônio. Zezita traçou seu perfil de carreira como atriz de sucesso no teatro, cinema e televisão.
O programa é Paraíba em Revista, apresentado de segunda à sexta-feira, sempre às 14 horas, valorizando sobretudo os artistas da música paraibana. Mas agora abriu uma janela para o cinema – De olho na Tela. Novos integrantes da APC deverão participar também do programa, segundo informou o músico Adeildo Vieira, que tão bem compôs as trilhas sonoras do audiovisual “Américo – Falcão Peregrino”, de Alex Santos.