Vai-se o homem; fica para sempre, a alma do artista!

Foto: “Cineasta Linduarte Noronha e cenas de sua obra maior, Aruanda.

Costumo afirmar, em conversas com alguns parceiros de batente, que as “coisas de cinema” são eternas. Daí, o chamamento ao meu blog, que sempre vai no final de cada coluna que escrevo em A União.

Justos há dez anos atrás, homenageava através desta mesma coluna – enquanto admirador e parceiro de universidade, de nossas conversas sobre aulas e alunos, embaixo das árvores do Decom – o professor Linduarte Noronha, pelo cinquentenário de sua obra maior para o cinema. E concluía meu artigo dizendo: Parabéns, amigo Linduarte! Pelo feito marcante de “Aruanda” e por existires.

A rigor, aquele “… e por existires”, à época, tinha o significado de sua existência física, de sua coloquial convivência conosco e nossos papos sobre cinema, mas também de Academia, que passou a lhe honrar como Patrono da Cadeira 01. Agora, reavaliando a mesma expressão (… e por existires), vejo que o seu sentido não muda muito. Ela é, hoje, tão própria e sintomática como a de antes. Pelo simples fato de que, o bom Artista se eterniza. Ele sempre existirá em nossas memórias…

Em sendo assim, por analogia, lembro que ele já começou a existir com nome de artista. Não só porque tenha realizado um dos documentários mais singulares e revolucionários da história dos cinemas paraibano e brasileiro, há justos 60 anos, mas por marcar o própria Cinema Novo com “Aruanda”. Documentário esse que fizemos questão de homenagear em nosso média-ficção “Antomarchi” (2010), resgatando e expondo cenas do seu filme numa das esquinas do Cine Rex dos anos 60, cinquenta anos depois. Lembremos, ainda, mais uma obra sua e inesquecível para o nosso cinema: “O Salário da Morte”, considerado o primeiro longa-metragem genuinamente paraibano.

Pois bem, independentemente do feito por ele realizado, detenho-me ao seu próprio nome de batismo: LINDUARTE. Afora o sentido estimativo que o vocábulo possa imprimir, uma adequação de seu nome é deveras significante, igualmente no plano das artes. Senão vejamos essa intrigante “equação”: Trocando-se a base/raiz da estrutura da palavra Lindu (por belo-a) + arte = Bela Arte. Desculpem o trocadilho, mas não seria coincidência demais?… Agora, novas homenagens a Linduarte Noronha serão prestadas, através do FestAruanda. E também o meu tributo ao nosso “prior”, não apenas pelo seu feito com “Aruanda” – cinquenta anos de escola de cinema documental no Nordeste brasileiro, sobretudo –, mas, certamente, pelas bases técnica e reflexiva por ele utilizadas, em razão dos valores locais, aos quais ainda hoje recorremos, em termos de Cinema Paraibano. Mais ainda, em razão de sua destacada memória representativa/respeitosa, que, acredito, jamais será olvidada. Vai-se o homem; fica para sempre, a alma do Artista!


Audiovisual paraibano estreia no YouTube

Com abertura de mais um festival de cinema em nosso Estado, na próxima quinta-feira (10), um novo audiovisual paraibano, em média-metragem, será assistido pelo YouTube. Trata-se de “Poltrona Rasgada”, uma realização dos integrantes da Academia Paraibana de Cinema, Alex Santos e Manoel Jaime Xavier.

O média-metragem, que já pode ser assistido a partir de agora pelo streaming, completa uma trilogia sobre a cidade de João Pessoa e alguns fatos ocorridos há dezenas de anos atrás, iniciada havia dez anos, com “Antomarchi” e “Américo ´Falcão Peregrino”, ambos também médias e premiados pela APC. Todas elas trazem a marca da empresa paraibana produções de Cinema e Vídeo – ASProd.