Morre Jacques Perrin: Salvatore de “Cinema Paradiso”

Foto: Ator Jacques Perrin, nos filmes Cinema Paradiso (E) e Luiz XI (D).

Com a recente notícia do falecimento de Jacques Perrin, ator francês de longa experiência no cinema, também na direção de alguns filmes, logo me fez lembrar do clássico de todos os tempos, que é Cinema Paradiso (1988). Uma obra que trago comigo havia muito, não apenas por ser uma realização que bem destaca a própria movie art, mas porque aborda com sensibilidade a vida de encantamento de uma criança de nome Totó.

Esta semana, motivado pelo infausto ocorrido com o ator, em Paris, que já tinha seus 80 anos de idade e no filme do diretor Giuseppe Tornatore faz o papel de um produtor de cinema (Totó já adulto), renasci em mim mesmo, vivendo aquele menino de apenas sete anos de idade, já em meus primeiros passos cinematográficos ao lado do meu pai, “Seu Severino do Cinema”, como era conhecido pelos seus habitués, na vizinha cidade de Santa Rita.

Tanto quanto o garoto Totó, vivia eu xeretando nas cabines de projeção na busca de fotogramas de filmes, quando os nossos projecionistas, Rubens ou Assis, faziam revisões das partes de cada filme ou seriado a ser exibido à noite. Pois bem, o filme de Giuseppe Tornatore trata justamente de situações assim, que são momentos indeléveis, de encantamento existencial sobre um garotinho preso ao universo cinematográfico, suas imagens em fotogramas, que lhe traduziam, à época, um legítimo “paraíso”.

Mas o filme de Tornatore transcende ao mero – contudo, tocante – apelo dramático existencial de uma criança encantada com as luzes da Sétima Arte. Cinema Paradiso registra também o início de uma fase bastante sentida pela população que gostava do cinema real, que foi a do fechamento das salas de exibições cinematográficas nas cidades. Fato ocorrido a partir do final dos anos sessenta, início de 1970, em razão da expansão da televisão doméstica.

Aliás, a história do filme se passa justamente na época em que, também aqui entre nós, algumas salas estavam fechando. Lembraria casos como os do Cine Rex, Brazil, Plaza, depois Municipal e demais… Porém, é quando surge o Espaço Cultural e a inauguração do seu Cine Banguê, em 1982, renovando as esperanças em todos nós. Uma nova sala de projeção na cidade, não um mero “Cinema de Rua”, como se chamava habitualmente, mas o Banguê, sobre o qual escrevi recentemente a pedido do meu parceiro de A União, o jornalista André Cananéa. Pois bem, jamais conseguiria olvidar a criação de Tornatore, em Cinema Paradiso, sem contextualizar suas situações de épocas, que foram tão nossas. Assim, com a morte do ator Jacques Perrin, registro as suas últimas atuações, nos filmes: Voz do Coração (2004), Louis XI: le pouvoir fracasse (2011), Rémi: O pequeno órfão (2018), sem destacado protagonismo, embora tenha realizado um ano antes, documentário Oceanos, como diretor em parceria com Jacques Clusaud.


APC registra audiovisual sobre seu integrante

A Academia Paraibana de Cinema se congratula com a videomaker Bebel Lélis, filha do acadêmico Balduíno Lélis (Cadeira 3 da APC), que faleceu em dezembro de 2020, na cidade de Taperoá, Paraíba, pelo trabalho audiovisual que vem realizando sobre seu pai, partícipe de alguns filmes paraibanos.

No filme Menino de Engenho (1965)de Walter Lima Júnior, Balduíno faz o papel do cangaceiro Antonio Silvino, personagem que também interpretou em Fogo Morto (1976), de Marcos Farias. Em Salário da Morte, de Linduarte Noronha, ele interpretou o advogado assassinado no início do filme. Os seus mais recentes, segundos registros de sua biografia: São Gerônimo, de João Bressane; na minissérie o Auto da Compadecida e Um Sonho de Inacim – O aprendiz de Padre Rolim, direção de Eliézer Rolim, falecido recentemente.