“A pura verdade” sobre William Shakespeare

Foto: Kenneth Branagh, dirige e interpreta Shakespeare, em A Pura Verdade.

De alguns dos grandes pensadores e suas obras da fase contemporânea, até mesmo dos tempos mais remotos, como é o caso do insigne Shakespeare, poeta, teatrólogo e escritor de obras famosas, de reconhecida admiração no mundo todo, saltam-me aos olhos algumas de suas elocuções, que entenderia como uma real introversão sobre a alma humana. São doutrinas de sentido profundo e cheias de experiências, que nos levam a crer do que realmente somos e podemos ser, escrevendo…

E gostaria de abrir este texto com um aforismo do grande escritor inglês, ao ser indagado por um de seus admiradores como é ser um grande escritor como ele. Shakespeare explicou: “Quem quiser ser um escritor e falar aos outros ou pelos outros, fale primeiro por si. Considere o conteúdo de sua própria alma, sua compaixão. E se for honesto consigo mesmo, o que quer que escreva, tudo é verdade.” Foi o que entendi de A Pura Verdade, produção de 2019, na Netflix.

Então, agora vamos aos fatos em termos de cinema. É que esta semana não apenas vi, mas assisti juntamente com a minha Lili a um filme que julgaria meritório. Não apenas pela bem construída narrativa histórica, bela cenografia “vegetalista” (cênica que minha esposa admira muito, com castelos, jardins…), e sua impecável reconstituição de época, remontando o final do século XVI, mais ainda, pela excelente performance de veteranos atores em cena. Trata-se de A Pura Verdade, com direção do roteirista norte-irlandês Kenneth Branagh, que também protagoniza o bardo William Shakespeare em sua conturbada vivência familiar, antes de falecer.

Mesmo não levando em conta se o que fora relatado no filme é “a pura verdade” sobre o grande teatrólogo, pois, há mais de uma versão sobre sua vida, uma coisa é patente: a narrativa tem instantes singulares de dramaturgia. São momentos sensíveis e que merecem reflexões mais aprofundadas do atento espectador. Um dos plots deveras essenciais é o que trata não especialmente de sua atividade como escritor e poeta, mas no que se refere à convivência familiar de Will (assim chamado pela esposa), em que são revistos todos seus traumas domésticos existenciais.

O filme começa em Londres com o incêndio do Globe Theatre, que estava exibindo a peça de Shakespeare Henry VIII. Após esse incidente, desiludido com sua atividade, depois de vinte anos ele retorna ao convívio da família, na bela casa nos arredores da cidadezinha de Stratford. A esposa Anne, interpretada pela veterana atriz Judi Dench, e suas duas filhas, Susanne (Lydia Wilson), já casada, a outra solteira e rebelde Judith (Freya Durkan), recebem ressentidas o patrono da família, após tanto tempo. Como se não bastasse o desengano com perda de seu teatro em Londres, Shakespeare enfrenta mais uma tragédia. A perda do único filho, o pequeno Hamnet, a quem idolatrava como seu sucessor na literatura, mas que morrera anos antes tragicamente. Manifestações públicas de rejeição moral à família exacerbam-se, ainda mais com a visita do Conde de Southamptau à residência de Shakespeare, um seu velho amigo. E aí, há um diálogo íntimo entre os dois que considero do maior interesse no filme. Um colóquio deveras filosófico, bem dosado de instantes poéticos, mas que, Sua Excelência deixa no fundo uma certa corte amorosa ao bardo inglês, gesto supostamente amoral aos princípios da época. É uma obra que faz realmente pensar sério sobre as relações humanas…


Plenária propõe uma agência de cinema

A Academia Paraibana de Cinema se congratula com as instituições de cultura do Governo do Estado, pelo interesse que vêm demonstrando em ações mais efetivas à atividade audiovisual do Estado.

Recentemente, em encontro ocorrido em um dos clubes sociais de João Pessoa, denominado Plenária da Cultura, com participação de dirigentes de entidades locais e de alguns municípios paraibanos, teriam sido formalizadas algumas solicitações ao atual governo, dentre elas a da criação da Agência Paraibana de Cinema. Sugestão: não seria mais sensato Agência Paraibana do Audiovisual, adjunta a um polo que já vem sendo anunciado para a Capital?