Excesso de flashbacks: a nova tendência dos seriados de TV

Foto: “Cena final de O Chalé, quando toda trama sinistra é revelada.”

A narrativa cinematográfica clássica sempre teve sua marca linear. Pelo que estudei e conheço, ela deveras obedece à fórmula de “começo-meio-fim”, regra básica adotada pela arte-do-filme, desde que foi criada para contar suas histórias – sobre fatos reais e/ou ficcionais. Não terá sido sem razão que, essa “diegese gramatical” adotada pelo cinema seja um legado herdado do teatro.

Atualmente, em razão das construções seriadas para a TV, possivelmente essa tradicional regra venha sendo quebrada, fazendo com que as narrativas sejam dosadas com o recurso do flashback. Que faz com que o passado de uma história venha explicar/justificar o presente dessa mesma história. Contudo, o excesso desse recurso torna o enredo confuso, mesmo quando se pauta em determinada figura dramática, também em vários personagens.

Sobre o seriado que assisti esta semana na Netflix, “O Chalé” (Le Chalet), é possível ter existido uma manifesta frustração em quem também o assistiu, quando o argumento chega ao seu ápice com cenas excessivamente repetidas, devido a inclusão de flashbacks. Sobretudo, quando esse contexto narrativo não é bem construído, como é o caso de Le Chalet, minissérie francesa em seis capítulos, de autoria de Alexis Lecaye e Camille Bordes-Resnais, que estreou em 2018 no France 2, considerado o canal mais acessado da França.

Drama de suspense que se passa nos Alves franceses, numa região verde e montanhosa, cujo acesso é através de uma escarpada ponte, que sofre danos quando uma enorme pedra se desprende da colina, justo no exato momento em que os casais a travessam. A partir daí, o enredo ganha a face do sinistro. Por sinal, uma cena chocante e bem construída cinematograficamente.

Para que se entenda a história de “O Chalé”, sua sinopse (in verbis) diz o seguinte: Um grupo de amigos vai passar as férias em um chalé remoto nos Alpes franceses e é apanhado numa armadilha fatal, quando uma tragédia do passado será agora vingada. Acompanhado de alguns amigos, um casal vai buscar no vilarejo de Valmoline um ajuste de contas deixado há 20 anos atrás.

Nesse interregno de tempo, fatos inexplicados aconteceram, tanto nos arredores como no próprio chalé abandonado havia duas décadas, outrora ocupado por um casal brutalmente assinado. Anos depois, sendo visitado por familiares seus, crianças e jovens no passado. Os novos ocupantes passam então a viver sob a desconfiança dos atuais moradores do vilarejo.

Não diria ser um seriado de terror (como alguns afirmaram), mas de puro suspense. A narrativa histórica sobre as famílias se pauta entre o que aconteceu no passado e o que hoje vivem os ocupantes do chalé, após sua abrupta chegada ao vilarejo. E aí, bom que se atente para uma narrativa bem rebuscada, em flashback, voltando todo tempo ao passado dos personagens ainda adolescentes, justamente para justificar as estranhezas então vividas no presente pelos atuais inquilinos do chalé. É um seriado inovador, de uma curiosa narrativa, com alguns excessos de linguagem, até admito, que aconselharia com reservas.


APC realiza live e pauta novas ações

A Academia Paraibana de Cinema realizou na quarta-feira passada mais uma reunião de sua diretoria. O encontro, que foi virtual(live),contou com a participação da presidente da APC, atriz Zezita Matos, e de membros de sua diretoria, então representada pelos acadêmicos João de Lima, Alex Santos, Fernando Trevas e João Carlos Beltrão.

Em pauta, dentre outros vários assuntos, foi proposta a reapresentação do documentário “Parahyba”, do acadêmico Machado Bitencourt, como mais uma importante ilustração histórica da APC direcionada às escolas públicas do Estado. Outro nome lembrado no encontro foi o do acadêmico Jurandy Moura, por suas realizações nos anos 60 e 70.