IPHAEP adia a Semana do Patrimônio Cultural

Centro Histórico de João Pessoa - Paraíba
Centro Histórico de João Pessoa, cenários das produções da AS Produções Cinema e Vídeo

Findo o mês de agosto, foi-se com ele a chance de mais uma Semana do Patrimônio Cultural da Paraíba. Por causa da pandemia, que hoje nos tem transformado a maneira de viver, de ver as coisas, acertada foi a decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba – IPHAEP em adiar a efeméride festiva para o próximo ano. E por que esse adiamento nos diz respeito, já que nossos domingos em A União sempre são de cinema?

Bem, certamente porque a história da nossa Capital tem sido uma das nossas mais entusiasmadas preferências, inclusive cinematográficas. Sempre fomos (e avançamos sendo) parceiros zelosos por uma cultura paraibana de não apenas “ouvir e falar” sobre a história da cidade, ou de deitar um mero olhar sobre a nossa urbe; mas de agenciar um “ver imagético” diferenciado aos fatos históricos paraibanos, não menos, ao seu patrimônio arquitetônico e cultural, sobretudo o mais ancestral.

Em verdade, insistimos em ser daqueles caminhantes, passadiços (não fugazes), por vielas, ruas, avenidas, casarios e parques desta urbe pessoense, tentando replicar o esquecimento de muitos por suas belas imagens, quer antigas ou modernas, seus mais diferentes tempos históricos, desde que fora ela uma simples Filipéia, Frederica (Frederikstad), ou Parahyba.

Figuras amigas como a do historiador José Octávio de Arruda Mello, que terá sido nosso orientador quando realizamos o premiado filme “Parahyba” (1985), com parceria de J.M. Bitencourt, tem dado o seu melhor, com “lutas e resistências” à não-amnésia sobre a saga parahybana. Ele, cuja historiografia sempre foi no reconhecimento dos nossos costumes, feitos e personagens.

Citaria ainda outros fieis parceiros, de olhares igualmente diferenciados sobre os valores históricos urbanos. Visionários arquitetos que são, como eu, das imagens do nosso consuetudinário, no labor de seus resgates culturais. São cidadãos comprometidos com a Cidade de João Pessoa, e que fazem dela o real motivo de suas reflexões positivas. É caso do professor Mirabeau Dias, com quem realizei a partir dos contos de sua rica lavra o média-metragem ficção “Antomarchi”, cujas imagens são fieis visões urbanas e que rebobinam antigos sobrados, parques e jardins da nossa cidade de anos anteriores. Filme que completa agora uma década da sua feliz realização.

Dois outros feitos audiovisuais, de igual peso urbano, podem ser vistos em “Américo: Falcão Peregrino”, lançado no FestAruanda em sessão especial “hors concours”, no ano passado, e o média-metragem “Poltrona Rasgada”, ainda inédito para público e com lançamento previsto para a pós-pandemia. Ambos os vídeos produzidos com enlevo de dois grandes amigos, igualmente sonhadores, o professor Moacir Barbosa de Sousa e o também professor e médico Manoel Jaime Xavier Filho, ambos escritores e “cinemistas” – aquele que ama e faz cinema, neologismo criado pelo meu netinho Arthur Luna. E, aproveitando esse gancho, quem sabe se tais produções paraibanas e independentes, retratando o rico passado e o presente de nossa Capital, não poderiam fazer parte da programação da Semana Cultural do IPHAEP, já no próximo ano?